segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Quem morre...

Morre lentamente quem não viaja,
quem não lê, quem não ouve música,
quem não encontra graça em si mesmo.
Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito,

repetindo todos os dias os mesmos trajetos,
quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor
ou não conversa com quem não conhece.
Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru.
Morre lentamente quem evita uma paixão,

quem prefere o negro sobre o branco e os pontos sobre os “is”
em detrimento de um redemoinho de emoções,
justamente as que resgatam o brilho dos olhos,
sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos.
Morre lentamente quem não vira a mesa

quando esta infeliz com o seu trabalho,
quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho,
quem não se permite pelo menos uma vez na vida
fugir dos conselhos sensatos.
Morre lentamente quem passa os dias queixando-se

da sua má sorte ou da chuva incessante.
Morre lentamente quem abandona um projeto antes de inicia-lo,

não pergunta sobre o assunto que desconhece
ou não responde quando lhe indagam sobre algo que sabe.
Evitemos a morte em doses suaves,

recordando sempre que estar vivo exige um esforço
muito maior que o simples fato de respirar.
“Somente a perseverança

fará com que conquistes um estágio esplêndido de felicidade.”


Pablo Neruda